segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Publicado no Diário Gaúcho de 05.12.2007

Televisão digital       
             Quando Manuel leu nos jornais que seria lançada uma televisão digital, ficou muito impressionado. Começou a analisar a nova tecnologia, porém, não entendia muito bem como funcionaria. Na época do lançamento dos conversores, Manuel ficou apavorado com os preços, pois imaginava que tudo seria automático, sem necessidade de fazer nada. Por um tempo, ficou frustrado com o valor que teria de desembolsar. Antes mesmo da implantação da televisão digital, comprou um novo aparelho. Trocou a velha TV em preto e branco por um modelo em cores de 21 polegadas. O vendedor lhe assegurou que o aparelho já estava adaptado para os novos procedimentos. Inclusive, mostrou para Manuel que o controle remoto funcionava sem fio.
            Sábado pela manhã, quando entregaram a TV, Manuel leu as instruções e resolveu instalá-la, bem como colocar nova antena externa. Com a ajuda do cunhado, subiu no telhado e posicionou a antena de uma forma que pudesse sintonizar vários canais. A imagem não estava boa, mas era melhor do que o aparelho anterior. Em determinado dia, leu que estava implantada a televisão digital no Brasil. Rapidamente, ligou o novo aparelho e não reparou nenhuma modificação. O vendedor havia lhe dito que a antena era especial e que a imagem e o som seriam especiais também.
            Manuel comentou com várias pessoas a respeito do não funcionamento da televisão digital, porque continuava tudo na mesma.
            - Ora, tu tens que comprar um aparelhinho que converte o sinal – falou um amigo.
– Tu tens que ter uma TV com imagem digital – disse outro.
            Manuel ficou pensando e lembrou que o vendedor afirmara que o aparelho era digital. Leu outra vez o manual para descobrir se havia alguma coisa errada. - Mulher, essa porcaria não funciona. Vou devolvê-la para a loja - decidiu.
            - Calma, Manuel, quem sabe falta algum detalhe – arriscou Maria.
            Aquela resposta era a resposta que faltava:
            - Maria, venha ver, já adaptei o aparelho.
            Quando Manuel ligou a TV, a tela estava cheia de marcas de dedos. – Viste Maria, faltava a minha impressão digital. Agora, tudo vai funcionar!  




segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Publicado no Diário Gaúcho de 11.02.2009

A GANGUE DAS COMILONAS 
   
Perto do meu guarda-sol, na praia, ficam diversas mulheres tomando banho de sol e conversando. O que me chama a atenção é que elas passam quase todo o tempo comendo.
Começam com milho. E são exigentes. Pedem milho bem branquinho e com sal. Em seguida, tomam cerveja.
Um pouco mais tarde, compram queijo coalho. Solicitam com orégano e queimadinho. Se não fica como querem, mandam fazer outra vez. E tomam mais cerveja.
De repente, de uma sacola, uma tira um pacote de bolachas. Devoram rapidamente, sempre com goles de cerveja.
Em seguida, dão um intervalo na comilança. Ficam apenas na cerveja.
Alguém sugere: - Vamos comer picolé?
- Não, prefiro mais milho ou queijo coalho - responde outra. Uma terceira grita: - Está na hora de comer um peixinho frito. Todas concordam e pedem no quiosque uma porção de peixe. Quando chega, comem bem depressa. Para cada pedacinho, bebem cerveja.
Pronto, acho que está na hora do picolé – sugere uma.
Está bem – todas concordam. Só que o picolé não é acompanhado com cerveja. Preferem tomar caipirinha.
Depois de toda a refeição, deitam-se na areia e dormem.
Mas isso não demora muito tempo. Logo alguém diz: - Está na hora do pastel.
- Oba - todas gritam. - O meu é de queijo. - Prefiro de carne. - Quero de siri.
Logo chegam os pastéis, junto com uma cerveja geladinha.
Sei que uma delas se chama Deisi e tem um corpo escultural. Das outras, não sei seus nomes. Porém, a Deisi é a líder. É ela que pede as comidas e as cervejas.
Na segunda-feira, reparei que elas não apareceram na praia. Ontem, estavam apenas duas. Uma dizia que não havia dado para vir, porque estava com dor de estômago e não sabia o motivo.
- Deve ser a água da torneira – respondeu a outra.


quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Publicado no Diário Gaúcho de 04.09.13

Ano novo judaico

Hoje, ao entardecer, os judeus estarão comemorando seu ano novo, chamado de Rosh Hashaná, que significa cabeça do ano.
 Ocorre sempre no primeiro dia do mês de Tishrei, do calendário judaico. Nesse dia aconteceram vários episódios bíblicos. Foi a criação de Adão e Eva e o erro ao tomar da árvore da ciência do bem e do mal e também o dia que Caim matou Abel.
 Por isso, considera-se essa data como Dia do Julgamento. Rosh Hashaná é o dia da concepção do mundo, portanto começando o novo ano judaico. O ano é 5774. Nessa oportuinidade costuma-se comer maçã com mel para que todos tenham um ano doce.
Segundo o Velho Testamento, é o dia do toque das trombetas (shofar), um instrumento feito de chifre de carneiro trabalhado de forma que seja possível emitir som ao soprá-lo.
Escutar o toque do shofar é o mandamento mais especial. Na manhã dos dois dias de Rosh Hashaná, são tocados cem toques que devem ser ouvidos por todos os judeus nas sinagogas.
Também o Rosh Hashaná é o início do período em que os judeus fazem um balanço de suas condutas do ano que passou. Dez dias depois, comemora-se o Yom Kipur, o dia do arrependimento, no qual os judeus pedem perdão pelos pecados cometidos.
Assim desejo a todos meus amigos judeus um feliz ano de 5774.
Hoje, ainda, tem uma pessoa muito especial comemorando seu aniversário.
A data não poderia ser mais especial juntamente com o ano novo.
Eu conheço a aniversariante há mais de 44 anos. Ela é mãe de duas joias preciosas e de dois netos mais queridos do mundo.
Sou suspeito para falar das qualidades dela. Poderiam me acusar de nepotismo.
Hoje à noite estaremos em família para as duas comemorações.
Assim, desejo publicamente à Bia um feliz aniversário em família, com muita saúde paz e alegrias. Também não esquecendo com muito amor.
Poder participar do Rosh Hashaná e do aniversário da esposa no mesmo dia é uma grande dávida.
Bia, te amo!

                                                                                                 


quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Publicado no Diário Gaúcho de 28.08.2013

A mostarda argentina
Esse mês, estive na Argentina, e me lembrei de uma história que publiquei no Diário Gaúcho em outubro de 2006. Em 1972, um casal de namorados viajou de carro, junto com outros amigos, para Buenos Aires, terra do famoso tango. Ele, uma pessoa bem tranquila, ao contrário da namorada, que era muita irritada. Qualquer coisa que ele fizesse, logo ela ficava braba. Vocês devem conhecer muito bem este tipo de pessoa, que por vezes se torna bem desagradável.
Ele, com cuidado, fazia tudo que era possível para não irritá-la. No carro, tomava as providências certas. Andava sempre com o tanque cheio, pneus revisados e vidros limpos. Não queria dar motivo para qualquer reclamação.
Quando chegou ao hotel, ele ficou bem aliviado. Estava tudo certo. Mesmo que a culpa não seja sua, vai sobrar para você.
No primeiro dia, com o tempo ensolarado, foram passear no parque de diversões. Os brinquedos eram bem avançados e modernos. Depois de longas filas de espera – sabem de quem é a culpa? – conseguiram andar na roda gigante. Quando a roda parou, os namorados estavam na parte de cima. Fazia muito frio e logo ela reclamou, culpando-o por não ter avisado da friagem. E assim passaram a tarde, ela se queixando de tudo. Não ficava satisfeita com nada e o namorado era o responsável por tudo.
Na hora do lanche, foram comer cachorro-quente. A salsicha argentina era famosa, e queriam conhecer o seu sabor.
Claro que enfrentaram uma outra longa fila para comprar o lanche. Tiveram que esperar muito tempo até conseguir uma mesa. Ela com a cara amarrada e olhando atravessada para ele.

A namorada apertava a bisnaga da mostarda para colocar na salsicha. E nada saia. Estava entupida. Com olhar furioso, deu para o namorado tentar. Ele virou bisnaga em direção à namorada e começou a apertar com força. De repente, a tampa da bisnaga estourou e um jato de mostarda voou. Sujou não só a roupa como também os cabelos e o rosto da namorada. Todos que estavam lá começaram a rir, menos uma pessoa. Adivinha se casaram?



quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Publicado no Diário Gaúcho de 21.08.2013

Vamos ajudar o Asilo Padre Cacique

Porto Alegre vem passando por série de melhorias em suas ruas e avenidas. São diversos bairros nos quais canteiros de obras são levantados, numa tentativa de melhoria do nosso trânsito.
Uma dessas obras é a existente em frente ao Estádio Beira-Rio, onde está localizado o Asilo Padre Cacique.
Nesse asilo, são abrigados velhinhos que necessitam de cuidados por toda a sociedade. Ou são pessoas solitárias ou foram abandonadas por parentes.
Lá recebem todo o tipo de atendimento.
Para o asilo se sustentar, precisa da ajuda dos órgãos públicos e da população.
Na entrada, existe um portão onde carros ou pessoas a pé podem ingressar para fazer seus donativos. Graças a esses gestos a casa consegue alimentar e vestir seus residentes.
Com as obras da Avenida Padre Cacique, o número de doações diminuiu, pois as pessoas não querem enfrentar engarrafamento para chegar até o local.
Os velhinhos estão necessitando de leite e fraldas descartáveis. Também qualquer outro alimento não perecível é de toda valia.
Não vamos deixar que um simples presumível incômodo de trânsito prejudique os residentes. Pense no ato de caridade e bondade que você estará praticando ao ajudar aqueles velhinhos.
Não precisa ser doação em grande quantidade. Basta que um número elevado de pessoas contribua. Quando você estiver tomando seu café com leite da manhã, imagine um velhinho também repetindo o mesmo ato como resultado. E alegre-se ao pensar que pode ser resultado de sua doação.
Para mais informações a respeito de doações, procurem pessoalmente o asilo na Avenida Padre Cacique, 1178, perto do Estádio Beira-Rio. O contato pode ser feito pelo telefone 3233-7571. Outra forma é através do email asilo@asilopadrecacique.com.br. Enfim, são várias as formas de propor ajuda.

Não vamos deixar cair essa peteca. A caridade faz parte da nossa existência.



quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Publicado no Diário Gaúcho de 14.08.2013

Argentina: um país irmão.
Estive, na semana passada, em Buenos Aires para uma atividade familiar. Fazia muito tempo que não ia até a capital argentina. Encontrei muitos aspectos positivos e negativos.
As ruas estão sujas, calçadas quebradas e, o pior de tudo, cheias de dejetos de cachorros. Lá ainda não se consolidou o uso de saquinhos para limpar a sujeiras dos cães. As pessoas precisam caminhar olhando para o chão e desviar das lembrancinhas caninas.
 Buenos Aires, mesmo com a crise financeira que assola o país, é uma cidade movimentada. Ruas cheias e o tráfego, por vezes, engarrafado.
No domingo, fui ao Shopping Abasto onde existe um local denominado Museo de los Niños (Museu das Crianças). Trata-se de um espaço destinado às crianças, onde existem réplicas de supermercados, correios, lanchonetes, postos de combustível, porto, aeroporto, rádio, jornal, televisão, consultórios médicos e dentários, fábrica de laticínios e outras atividades, São as próprias crianças que fazem tudo. No supermercado, pegam um carrinho e apanham os produtos das gôndolas. São elas que ficam nos caixas. Na lanchonete, fazem sanduíches, batata frita, sucos e também ficam no caixa. É um programa imperdível. Aliás, eu brinquei mais do que meus netos.
O tango ainda está em alta. Existem diversas casas de espetáculos de alto nível com ótimas produções. Recomendo Tango Porteño, perto do obelisco.
A comida continua boa e não está cara. Mas as roupas, que antigamente eram baratas, não estão com preços atrativos. Equivalem-se com os valores de Porto Alegre,
O povo argentino passa por um momento de grande crise financeira, com uma inflação alta. O dinheiro se desvaloriza rapidamente. Para não ficar com dinheiro guardado e perdendo seu valor, eles compram bens de consumo, principalmente, carros. Por esse motivo as ruas estão engarrafadas.

Sempre tratamos os argentinos como rivais, sobretudo no futebol. Mas não encontrei nenhuma animosidade. Pelo contrário. Temos as nossas diferenças, como se fosse um Gre-Nal, mas somos todos irmãos. 

                                                   Museu das Crianças

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Publicado no Diário Gaúcho de 07.08.2013

A vida também é bela
Na nossa vida, existem bons e maus momentos. Os bons devemos curtir com intensidade. Os maus temos a obrigação de ultrapassá-los e buscar a felicidade.
Estou escrevendo isso porque essa semana é repleta de momentos de grandes alegrias para mim e para minha família.
O primeiro é o aniversário da minha querida neta Roberta, que completou três anos. Ao lado do meu outro neto, Renato, essa dupla nos orgulha com sua exultação e, principalmente, com a reflexão de como a vida deve ser curtida junto com os nossos afetos.
O segundo instante de regozijo é o compromisso de noivado da minha filha Patricia. Junto com seu noivo, Ari, estaremos juntos para testemunhar o pacto entre os dois.
Esta semana, estou deixando de lado as tristezas e os problemas. Esta semana quero apenas curtir alegrias com a família e os amigos.
Não é sempre que podemos comemorar grandes momentos e, quando eles acontecem, o foco deve ser exclusivo.
Os problemas ficarão para a próxima semana.
Para a Roberta, desejo toda a felicidade, alegrias e sucessos em sua vida. Com sua inteligência e beleza, tenho certeza que ela será um grande orgulho para todos nós.
Para a Patricia e o Ari, anseio uma vida a dois com amor, harmonia e entendimento. O resultado disso serão mais netos.
Os leitores que me perdoem por estar escrevendo sobre algo pessoal. Mas alegrias se dividem com amigos. E sei que aqueles que me leem semanalmente são meus amigos.
A vida é uma sucessão de momentos inesquecíveis. Lembro-me quando eu era neto e conversava com meus sisudos avôs. Lembro-me do meu casamento. Agora, estou do outro lado. Deixei de ser neto para virar avô. Vejo o compromisso de minha filha e recordo quando também estava animado com meu noivado.

Vocês também devem passar ou já passaram por essas ocasiões. Por isso, afirmo: a vida também é bela.